a) Clima e Vegetação:
O papel do clima relaciona-se, principalmente, com a precipitação e suas consequências sobre os processos morfogenéticos. Nos domínios morfoclimáticos tropicais, a elevada humidade provoca a saturação de água no solo que, por sua vez, favorece os movimentos de massa. A intensidade da chuva (dada em mm/hora) relaciona-se à energia cinética desta que, por sua vez, está relacionada à capacidade de erosão (potencial que um processo tem para causar
desagregação de material, como solo ou rocha). Com uma precipitação de água das chuvas prolongada, a infiltração é contínua, o que satura o solo, reduzindo a coesão do material da vertente e a resistência desse material à erosão, devido à expansão de cisalhamento em rochas ou contato rocha-solo e de interstícios do solo, o que favorece os deslizamentos.
A vegetação, de maneira geral, protege o solo de fatores que condicionam os
deslizamentos, como a compactação do solo pelo impacto de gotas de chuva e consequente
aumento de escoamento superficial, pois a cobertura vegetal intercepta as águas pluviais
reduzindo a energia cinética e favorecendo a infiltração, além de certos tipos de sistemas
de raízes conterem a erosividade por manterem a agregação do solo. Porém em regiões
tropicais húmidas, nem sempre isso ocorre. Nos períodos de elevada pluviosidade a água das
chuvas penetra entre as descontinuidades do dossel atingindo o solo, compactando-o,
gerando e/ou reativando ravinas e canais de primeira ordem, o que ocorrem especialmente
se não houver uma cobertura composta de flora de porte arbustivo.
Deve-se salientar que a vegetação pode actuar em alguns casos também como agente
erosivo, devido à desagregação mecânica provocada por certos tipos de raízes.
b) Geologia:
Com relação às condicionantes geológicas consideram-se as condições litologicas da área e as suas características estruturais. O tipo de rocha define a permeabilização e, portanto, o tipo de
drenagem e textura, além da resistência ao intemperismo. A presença de fraturas (tectónicas
ou resultantes de alívio de pressão) apresentam importantes pontos de descontinuidade e
menor resistência, constituindo-se em caminhos preferenciais à erosão e movimentos de
massa. Muitas destas continuidades são formadas pelo alívio de pressão, encontrando-se
afectadas pelo clima, por exemplo, o acumular de água nas fissuras de rochas, que em alguns casos solidifica e aumenta a fissura desagregando partes da rocha, o que pode causar deslizamento de blocos.
c) Ação Antrópica:
A ação antrópica destrutiva sobre a vegetação tem gerado e/ou acelerado processos
geomorfológicos de degradação, tornando estes mais intensos que os de deposição ou se
sobrepondo aos processos pedogenéticos.
Isso tem ocorrido de forma intensa devido tanto às actividades agrícolas quanto à urbanização, sendo que a instabilização de encostas tem sido agravada pela remoção das matas.
Sem esta interferência os processos de decomposição seriam mais rápidos que os de transporte,
devido a factores como a alta taxa de infiltração induzida pela humidade, temperatura do solo, acção bioquímica e intenso intemperismo químico.
A desflorestação favorece o surgimento de áreas de escoamento devido à compactação causada pelo impacto das gotas no solo, já destacada anteriormente.
A abertura de estradas e outras obras em áreas de declive desfavorável e/ou que possuam
características geológicas e geomorfológicas sujeitas a deslizamentos aceleram estes processos.
Além disso, o tráfego de transporte pesado provoca vibrações que detonam processos de instabilização de encostas.
O papel das atividades antrópicas como indutoras de deslizamentos é muito significativo, sendo muito frequentes os deslizamentos em encostas ocupadas durante períodos de chuvas intensas. O volume de material removido e transportado por água das chuvas está relacionado com a densidade de cobertura vegetal e do declive, de forma que com a desflorestação, esses processos se tornam mais intensos, principalmente em pontos de alto declive.
d) Geomorfologia:
As condicionantes geomorfológicas incluem as formas de vertentes e as variáveis morfométricas, como a dissecação, declividade, aspecto, amplitude de relevo, etc.
A drenagem exerce papel fundamental sobre o modelamento do relevo (formas de vertentes e vales), sendo uma variável especialmente importante em regiões tropicais húmidas. A densidade de drenagem fornece a intensidade da dissecação do relevo.
A amplitude de relevo refere-se à variação de altura, em metros, dada pela diferença entre
as cotas máxima e mínima. Quando esta variação tem como cota mínima o nível de base
geral, tem-se a altitude. O fatiamento da altitude em intervalos de classe e sua representação
por cores fornece a hipsometria. A amplitude está relacionada ao encaixamento dos vales. Quanto mais elevado o valor da amplitude, maior a energia cinética aplicada às vertentes e, consequentemente, maior é a capacidade de deslocamento de material, principalmente se associada a elevadas declividades e dissecação. Com relação à forma das vertentes, existem três tipos básicos: as formas côncavas, convexas e retilíneas. Estas formas encontram-se combinadas na natureza, gerando os demais tipos (côncavo-convexas, retilínea-convexas, etc.), como mostra a imagem.
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